2006 – Paulinas, Prior Velho.
Este pequeno livro contém quatro meditações sobre o Mistério Pascal, feitas na Casa Pontifícia, na presença do Papa, dos cardeais, bispos e prelados da Cúria Romana, na Quaresma do ano 2004, e ainda a homilia, feita na Basílica de São Pedro, na Sexta-Feira Santa do mesmo ano, durante a liturgia da paixão presidida pelo Santo Padre o Paulo II.
O autor ocupou-se da Páscoa já noutras circunstancias, tanto a nível histórico, enquanto professor de História das Origens Cristãs, na Universidade Católica de Milão, como a nível espiritual e pastoral, enquanto pregador da Casa Pontifícia.
Do Mistério Pascal nunca se fala o suficiente, nunquam satis, correspondendo para a fé cristã, de certo modo, a tudo. Nestas meditações volto ao assunto, ainda sob o ponto de vista pastoral e espiritual, mas seguindo um caminho novo e diferente, sugerido pela doutrina tradicional da Escritura, nos seus quatro sentidos: histórico, cristológico, moral e escatológico.
É um pouco como tentar penetrar no centro de um círculo, em movimento contínuo, a partir de quatro pontos de uma circunferência, ou atingir o coração de uma cidade, entrando por quatro portas diferentes. Para o Mistério Pascal, vale aquilo que um autor antigo dizia do próprio Deus: «Não se chega a tão grande mistério seguindo somente um caminho.»
Na homilia da Sexta-Feira Santa, que fecha o ciclo de meditações, o Mistério Pascal é contemplado, sucintamente, a partir do canto sobre o Servo de Javé do Déutero-Isaías, com particular atenção para o problema, que hoje tanto nos toca, do relacionamento entre o sagrado e a violência. O Mistério Pascal não é somente uma idéia, uma doutrina ou uma instituição; no seu núcleo está uma Pessoa, Jesus Cristo morto e ressuscitado. Compreende-se, então, a célebre exclamação de entusiasmo de São Gregório Nazianzeno, em quem me inspirei ao escrever estas meditações: «Ó grande e sagrada Páscoa, salvação do mundo inteiro! Eu te falo como se fala a um ser vivo» [Oratio 45, 30 (PG 36, 664 A)].